Sugestão de hoje!!!

Sugestão de hoje!!!
Livro que trata do menor abandonado e de sua luta pela sobrevivência.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

QUESTÕES DE CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL


01. Assinale os períodos em que há erro de concordância nominal:
a) As matas foram bastante danificadas pelo fogo.
b) A sala tinha bastantes carteiras, mas era meio escura.
c) As crianças já estavam bastantes crescidas.
d) Convidamos o maior número de amigos possível.
e) As duas ilhas ficam muito distante do litoral.

02. Assinale o único motivo em que há erro de concordância verbal:
a) Precisava fazer uma caixa de madeira, mas faltavam-me ferramentas.
b) Raros são os dias em que não acontecem fatos desagradáveis.
c) Sobra-lhe motivos para poder considerar-se uma pessoa feliz.
d) O que me admira é ainda existirem peixes em rios tão poluídos.

03. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas:
_________ explosões de natureza elétrica no planeta Vênus, o que faz crer que ________ de relâmpagos muito fortes, embora não _________ provas que __________ tal hipótese.
a) Registrou-se – se tratam – existam – confirmam.
b) Registraram-se – se trata – exista – confirme.
c) Registraram-se – se trata – existam – confirmem.


04. Assinale a alternativa correta:
É ___________ prudência na interpretação dos resultados, ___________ seguem __________ algumas normas.
a) necessária/porisso/inclusas.
b) necessário/ por isso/ inclusa.
c) necessária/ porisso/ incluso.
d) necessário/ por isso/ inclusas.

05. Assinale a alternativa correta:
a) É preciso coragem
b) Antônio ou João será o presidente.
c) Hoje são trinta de junho.
d) Todas estão corretas.

06. Há muitas pessoas que ___ a própria personalidade, tornando-se ___ de objetos.
a) renega, escrava
b) renegam, escravas
c) renega, escravos
d) renegam, escravo
e) renega, escravas

07. Deficiências de verbas não ___ para desencorajar novas atividades ____.
a) são o suficiente, técnico-científicas
b) são suficiente, técnicas-científicas
c) é o suficiente, técnico-científicas
d) são o suficiente, técnicas-científicas

08. Durante o comércio ___.
a) fizeram-se ouvir pseudos democratas.
b) fez-se ouvir pseudo-democratas.
c) fez-se ouvirem pseudos democratas.
d) fizeram-se ouvir pseudodemocratas.

09. Assinalar a concordância errada:
a) Ali se vendia pães.
b) Era meio-dia e meia.
c) Na exposição venderam-se oito cavalos árabes.
d) Os soldados ficaram alerta.

10. Assinale a alternativa em que meio funciona como advérbio:
a) Fica no meio do quarto.
b) Quero meio quilo.
c) Está meio triste.
d) Achei o meio de encontrar-te.

11. Assinale a correta:
a) Será proibido a entrada aos retardatários.
b) Dado as circunstâncias, retirou-se.
c) O Governo destinou bastantes recursos ao BNH.
d) Seguem anexo três certidões.
e) Eu mesmo, disse ela, cuidarei disso.

12.
I- Correm ___ aos processos vários documentos.
II- Paisagens as mais belas ___.
III- É ___ entrada às pessoas estranhas.
a) anexo, possíveis, proibida.
b) anexos, possíveis, proibido.
c) anexos, possível, proibida.
d) anexos, possível, proibido.

Respostas:
1-c,e 2.c 3.c 4.d 5.d 6.b 7.c 8.d 9.a 10.c 11.c 12.b

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Sermão de Santo Antônio aos Peixes (em construção)


           O Sermão de Santo Antônio aos Peixes foi proferido na cidade de SãoLuís do Maranhão em 13 de junho de 1654, três dias antes de embarcar escondido para Portugal (para obter uma legislação justa para os índios) no auge da luta dos jesuítas contra a escravidão indígena pelos colonizadores, procurando o remédio da salvação dos índios. O sermão revela toda a ironia, riqueza nas sugestões alegóricas (expressão de uma idéia através de uma imagem, um quadro, um ser vivo etc.) e agudo senso de observação sobre os vícios e vaidades do homem, comparando-o, por meio de alegorias, aos peixes. Critica a prepotência dos grandes, que, como peixes, vivem de sacrifício de muitos pequenos, os quais “engolem” e “devoram”. O alvo são os colonos do Maranhão, que no Brasil são grandes, mas em Portugal “acham outros maiores que os comam, também a eles”. Censura os soberbos (=roncadores); os pregadores (=parasitas); os ambiciosos (=voadores); os hipócritas e traidores (=polvos).

Capítulo I
          
  Para atingir a inteligência dos ouvintes, o orador usa argumentos lógicos, sucessivas interrogações retóricas (perguntas bem ditas, bem pronunciadas e produzidas) e a autoridade dos exemplos de Cristo, Santo António e da Bíblia. Para atingir o coração dos ouvintes, usa interjeições e exclamações.
          
  Ao relatar o que fez Santo António quando foi perseguido em Arimino usa frases curtas (Deixa as praças, vai-se às praias…), ritmo binário, anáforas, enumeração.
          
  É evidente que os tipos de frase têm relação direta com a entoação. A frase interrogativa termina num tom mais alto, a declarativa num tom mais baixo, etc.
           
O título do Sermão foi retirado do milagre ou lenda que se conta a respeito de Santo António. Este terá sido mal recebido numa pregação em Arimino, mesmo perseguido, e ter-se-á dirigido à praia e pregado o sermão aos peixes que o terão escutado atentamente, contrastando com os homens. O pregador invocou Nossa Senhora porque era habitual fazê-lo e ainda porque o nome Maria quer dizer Senhora do mar; os ouvintes do sermão eram pescadores que A invocavam na faina (qualquer trabalho a bordo de um navio) da pesca.

Capítulo II
             
O sermão é uma alegoria porque os peixes são metáforas dos homens, as suas virtudes são por contraste metáforas dos defeitos dos homens e os seus vícios são diretamente metáforas dos vícios dos homens.
           
O pregador fala aos peixes, mas quem escuta são os homens.
           
Os peixes ouvem e não falam. Os homens falam muito e ouvem pouco.
            
O pregador argumenta de forma muito lógica. Partindo de duas propriedades do sal, divide o sermão em duas partes: o sal conserva o são, o pregador louva as virtudes dos peixes; o sal preserva da corrupção, o pregador repreende os vícios dos peixes.
           
Os peixes não foram castigados por Deus no dilúvio, sendo, por isso, exemplo para os homens que pouco ouvem e falam muito, pouco respeito têm pela palavra de Deus.
          
  Evidencia-se que os animais que convivem com os homens foram castigados, estão domados e domesticados, sem liberdade.
            
O discurso é pregado; por isso, envolve toda a pessoa do orador. Os gestos, a mímica, a posição do corpo - a linguagem não verbal - têm um lugar importante porque completam a mensagem transmitida.


A ARTE BARROCA



CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
        
  O estilo conhecido como Barroco situa-se no período que vai do final do século XVI até meados do século XVIII, tendo, porém, o seu ponto culminante, de maior esplendor, ao longo do século XVII.
        
  Dois elementos históricos estão diretamente ligados ao florescimento desse estilo:

Ø  A CONTRA-REFORMA CATÓLICA, um amplo conjunto de medidas tomadas pela Igreja para fazer frente ao movimento da Reforma Protestante, liderada por Lutero e Calvino, entre outros, e que representou uma profunda ameaça à supremacia católica na Europa e fora dela. Entre aquelas medidas destacam-se a fundação da Companhia de Jesus (ou dos jesuítas), com o propósito de difundir mais amplamente a fé cristã e garantir a autoridade papal, e a restauração da Inquisição ou Santo Ofício, com o objetivo de coibir o avanço do protestantismo através da censura, da perseguição e da tortura.

Ø  A progressiva implantação do Estado nacional e a solidificação do ABSOLUTISMO MONÁRQUICO na Europa, levando à centralização e a um profundo fortalecimento do poder real. O monarca será visto e defendido, então, como o legítimo representante de Deus na Terra, e sua autoridade, como sagrada e absoluta.
         
No Brasil, o Barroco teve um florescimento mais tardio, sobretudo no século XVIII, coincidindo com a fase do Ciclo do Ouro, na região das Minas Gerais.


CARACTERÍSTICAS DA ARTE BARROCA
          
No plano estético, o Barroco também foi consequência da gradual saturação da arte Renascentista, cultivada no século XVI. Os artistas, insatisfeitos com a intensa e rígida imitação da arte clássica, desenvolveram gradualmente novas formas de expressar a sua criatividade. Rejeitaram, assim, o equilíbrio, a harmonia, a simplicidade, a proporcionalidade clássicas, em favor do desequilíbrio, da irregularidade, da complexidade, da sinuosidade (Qualidade ou estado do que é sinuoso; tortuosidade, curva), da extravagância.
     
Em geral, costuma-se associar a arte barroca à ideia de religiosidade, o que é fato. Pode-se afirmar que o Barroco foi o gênero de arte “encomendado” pela Igreja para despertar novamente nos fiéis o sentido da fé cristã e o da legitimidade do catolicismo enquanto expressão da Verdade Religiosa. A vida dos santos e dos mártires da Igreja Católica serão, por isso, alvo constante do interesse dos artistas. Disso decorrem características marcantes da arte Barroca: além da referida religiosidade, do apelo às questões espirituais e morais, há a consciência da brevidade da vida e a ênfase às ideias de pecado e necessidade do arrependimento para a salvação da alma. A exaltação da fé e da vida espiritual leva, frequentemente, à negação da vida terrena e dos prazeres mundanos, a um recorrente pessimismo diante do mundo. O Barroco recorre, assim, à grandiosidade e ao esplendor das imagens celestiais, à dramaticidade e ao heroísmo do caráter espiritual, para incutir no homem o anseio divino.
    
Dentro do universo temático de preferência barroca visto acima, é interessante ressaltar o tema da brevidade da vida (também conhecido como efemeridade, transitoriedade ou fugacidade): o artista e o poeta, conscientes de que tudo passa e se acaba rapidamente, fazem dois tipos de reflexão e sugestão: o primeiro de caráter religioso, já apontado antes, exalta uma vida virtuosa, isenta de pecados, ou marcada pelo arrependimento e voltada para Deus; curiosamente, o segundo, de caráter lírico-filosófico, reconhece que não só a vida, mas também a juventude e a beleza são passageiros, fugazes, e defende, portanto, o que ficou conhecido como “carpe diem”, ou seja, o aproveitar dessa mesma vida, juventude e beleza enquanto é tempo, intensamente.
        
  Ideias e atitudes, em princípio, contraditórias, não? Porém, isso ocorre porque o Barroco é também a arte dos opostos, da contradição, do conflito, da tensão. O homem renascentista habituara-se a uma visão de mundo e a uma postura ANTROPOCÊNTRICAS (onde o homem é o centro do universo), em que a vida humana e terrena eram valorizadas e vivenciadas com prazer, sem culpa. A Igreja, por meio da Contra-Reforma (entende-se sobretudo por meio da Inquisição), busca impor novamente uma mentalidade medieval, de negação do terreno, do carnal, do humano, ou seja, uma visão TEOCÊNTRICA (onde Deus é o centro do universo). Chocam-se as duas mentalidades e, na tentativa de solução, o homem barroco busca aproximá-las, conciliá-las, fundi-las, donde resulta a permanente tensão. Dessa atitude se originam outras marcas barrocas fundamentais: o dualismo e o fusionismo. A primeira – dualismo – refere-se ao gosto da contradição, dos contrastes, à aproximação constante entre elementos opostos: o Céu e a Terra, o Bem e o Mal, o Sagrado e o Profano, a Alma e o Corpo, o Espiritual e o Sensual, o Belo e o Feio, o Claro e o Escuro, entre outros. Muitas vezes, tais elementos aparecem unidos ou fundidos em um só ser ou ideia: é o chamado fusionismo.
         
O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO, desse período, incutindo nos seus soberanos a ânsia de exaltação de si mesmos e de seus reinados, também acabou conduzindo o Barroco para muitas de suas características mais difundidas hoje: é a arte pintando ou esculpindo a monarquia através do requinte, da exuberância, da imponência, da opulência, do gosto pela grandiosidade das formas, imagens e construções, do exagero, chegando, muitas vezes, aos limites do mau gosto. Nesse sentido, o Barroco tornou-se, sobretudo, a arte do rebuscamento, do detalhismo, da complexidade, uma arte ornamental e sensorialista, que apela, antes e acima de tudo, para os nossos sentidos físicos, impressionando-os e emudecendo-nos pelo impacto visual.
         
No sentido literário, reconhecem-se duas tendências estilísticas dentro do Barroco: o cultismo, ou o gosto exagerado pelo aspecto formal do texto e sua “sinuosidade labiríntica” no tocante ao jogo de palavras, e o conceptismo, que privilegia não o formal, mas o conteúdo, o pensamento, o jogo de ideias.
         
Na literatura brasileira, dois nomes imortalizaram-se dentro da arte barroca: o do grande poeta Gregório de Matos Guerra e o do padre Antônio Vieira, cujos inúmeros sermões representam o mais legítimo conceptismo barroco.

domingo, 25 de setembro de 2011

Livros 2ª etapa PAES/2011

Acesse:

Juca-Pirama (Gonçalves Dias):   http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2022

Helena (Machado de Assis):   http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2091

O Guarani (José de Alencar):   http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1843

A Moreninha (Joaquim Manoel de Macedo):   http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2023

Livros 1ª etapa do PAES /2011

Acesse:

A Carta de Achamento do Brasil (Pero Vaz de Caminha):      http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2003

O desertor (Manuel Inácio da Silva Alvarenga):        http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=212787


Questões sobre A Carta de Pero Vaz de Caminha


1. (UFMG) Com base na leitura da Carta, de Pero Vaz de Caminha, é INCORRETO afirmar que esse texto:

(A) se filia ao gênero da literatura de viagem.
(B) aborda seu próprio contexto de produção.
(C) usa registro coloquial em estilo cerimonioso.
(D) se compõe de narração, descrição e dissertação.


2. (POLI) "Duas relíquias históricas produzidas no Brasil, foram trazidas para exibição na Mostra do Redescobrimento, em São Paulo: o manto tupinambá e a carta de Pero Vaz de Caminha." (Folha de São Paulo, 11 de maio de 2000.)

A carta de Pero Vaz de Caminha, sobre o achamento do Brasil, enviada a El-Rei Dom Manuel é a principal manifestação literária do Quinhentismo, movimento literário brasileiro do século XVI. Tendo em vista o seu teor, podemos afirmar que os visitantes da Mostra do Redescobrimento, ao se depararem com tal texto, conseguiriam através dele:

(A) resgatar valores e conceitos sociais brasileiros. 
(B) descobrir a história brasileira pela arte. 
(C) ter mais informações sobre a arte brasileira. 
(D) ver a cultura indígena brasileira. 
(E) perceber o interesse português em explorar a nova terra. 


3. (UFPEL) O texto a seguir servirá de base para a próxima questão.

Pero Vaz de Caminha, referindo-se aos indígenas escreveu:

“E naquilo sempre mais me convenço que são como aves ou animais montesinhos, aos quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que aos mansos, porque os seus corpos são tão limpos, tão gordos e formosos, a não mais poder.” […]
“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e eles a nossa, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá Deus que com pouco trabalho seja assim.” […]
“Eles não lavram nem criam. Não há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao convívio com o homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”

CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996.

De acordo com o texto e seus conhecimentos, marque a alternativa correta:

(A) Caminha, numa visão eurocentrista, exalta a cultura do “descobridor”, menosprezando todos os aspectos referentes ao modo de vida dos nativos, por exemplo, a não exploração daqueles mamíferos placentários exóticos, citados na carta, introduzidos no Brasil quando da colonização.
(B) Caminha realiza, através de farta adjetivação, descrições botânicas minuciosas acerca da flora da nova terra, destacando o tipo de alimentação do europeu — rica em vitaminas e sais minerais — em contraposição à indígena, que é rica em lipídios.
(C) A religiosidade está presente ao longo do texto, quando se constata que o emissor, tendo em mente a conversão dos índios à “santa fé católica” — pretensão dos europeus conquistadores —, ressalta positivamente a existência de crenças animistas entre os nativos.
(D) Na carta de Pero Vaz de Caminha, que apresenta linguagem formal, por ser o rei português o destinatário, há forte preocupação com aspectos da necessária conversão dos índios ao catolicismo, no contexto de crise religiosa na Europa.
(E) Ao realizar concomitantemente a narração e a descrição dos hábitos dos nativos, o remetente destaca informações não só do habitat como dos usos e costumes indígenas, exaltando o cultivo das plantas de lavouras e dos pomares.


4. (UFLA) Leia o texto a seguir para responder à questão.

CARTA DE PERO VAZ

A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias.
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos.
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.
Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora d'aqui.

(Murilo Mendes)

castão - remate superior de uma bengala;
cruzado - antiga moeda portuguesa;
vossa perna encanareis - a expressão quer dizer que o rei "estava mal das pernas", isto é, sem dinheiro, "quebrado". As riquezas do Brasil poderão tirá-lo dessa situação.

Há nesse texto uma sátira à expressão "dar-se-á nela tudo", contida na Carta de Caminha. Marque a alternativa que confirma essa tendência.

(A) "Tem goiabas, melancias
Banana que nem chuchu."


(B) ( ... )
"No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro."


(C) "A terra é mui graciosa
Tão fértil eu nunca vi."


(D) "Quanto aos bichos, tem-nos muitos
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais."


(E) "Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.



5. (UFF) Assinale o fragmento que representa uma retomada modernista da carta de Pero Vaz de Caminha; 

(A) "O Novo Mundo nos músculos / Sente a seiva do porvir." (Castro Alves)
(B) "Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o sabiá"(Gonçalves Dias)
(C) "A terra é mui graciosa / Tão fértil eu nunca vi."(Murilo Mendes)
(D) "Irás a divertir-te na floresta, / sustentada,Marília, no meu braço"(Tomás Antônio Gonzaga)
(E) "Todos cantam sua terra / Também vou cantar aminha" (Casimiro de Abreu)

6. (UFLA) Leia o texto para responder à questão.

ESTA TERRA É MUITO FORMOSA

Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista1, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas2 brancas; e a terra por cima toda chã3 e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma4, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho
5, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute
6, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento7, da nossa santa fé.
(In Jaime Cortesão, org. A Carta de Pero Vaz de Caminha, p.239)

1 houvemos vista: pudemos ver
2 delas... delas: umas... outras
3 chã: plana
4 praia-palma: segundo J. Cortesão, pode significar "toda praia, como a palma, muito chã e muito formosa"
5 Minho: nome de uma região de Portugal
6 Calecute: cidade da Índia para onde se dirigiam os portugueses
7 acrescentamento: difusão, expansão

Embora tenha caráter informativo e descritivo, a Carta possui características quase sempre fantasiosas. Indique a causa de o Novo Mundo ter sido posto à altura da lenda do paraíso perdido:

(A) O escrivão criou uma discussão histórica em torno da intencionalidade ou não da conquista de Cabral.
(B) No esforço de catalogar a vegetação, o clima, o autor passeia pela geografia, botânica, zoologia, de maneira vaga.
(C) Caminha se revela um mestre na fixação de pormenores; é inegável sua fluência literária.
(D) A produção informativa constitui a primeira visão da terra virgem, intocada pela civilização estranha. A terra, para ele, era fértil e abençoada por Deus.
(E) O autor limitou-se a escrever um registro impessoal, marcado pela intenção de informar, apesar do tom ufanista do texto.


7. (UFLA) Leia o texto para responder à questão.

ESTA TERRA É MUITO FORMOSA

Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista1, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas2 brancas; e a terra por cima toda chã3 e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma4, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho
5, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute
6, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento7, da nossa santa fé.
(In Jaime Cortesão, org. A Carta de Pero Vaz de Caminha, p.239)

1 houvemos vista: pudemos ver
2 delas... delas: umas... outras
3 chã: plana
4 praia-palma: segundo J. Cortesão, pode significar "toda praia, como a palma, muito chã e muito formosa"
5 Minho: nome de uma região de Portugal
6 Calecute: cidade da Índia para onde se dirigiam os portugueses
7 acrescentamento: difusão, expansão

A Carta é considerada a "certidão de nascimento" do Brasil porque

(A) contém as primeiras informações oficiais sobre o Brasil.
(B) marca o início da literatura brasileira.
(C) foi escrita nos primórdios do descobrimento.
(D) denota inegável fluência literária de seu autor.
(E) as descrições constituem informações precisas do lugar.


8. (UFLA) O sentimento ufanista relacionado à fertilidade do solo brasileiro, presente na Carta de Caminha, difere do entusiasmo em relação aos resultados atuais da agricultura, porque um e outro baseiam-se em
Século XVI
Século XXI
(A)
engrandecimento
otimismo
(B)
imaginação
audácia
(C)
exaltação
convicção
(D)
idealização
precisão
(E)
romantismo
expectativa



Respostas:
1-c
2-e
3-d
4-b
5-c
6-d
7-a
8-d

Questões sobre Juca-Pirama


CANTO IV


Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:

Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.

Andei longes terras,
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimorés;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes — escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.

E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Sem seus maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.

Aos golpes do imigo
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.



01. Juca-Pirama é uma obra indianista em que se narra o drama do último descendente da tribo Tupi, feito prisioneiro pelos Timbiras. No Canto IV, estes permitem que o índio cativo, prestes a ser sacrificado, narre seus feitos. Assinale abaixo o que for correto sobre o poema:
(  ) Nas duas primeiras estrofes, o eu-lírico (o índio cativo) dirige-se aos inimigos, exaltando suas próprias origens e as nobres qualidades de seu povo.
(  ) Na segunda estrofe, percebe-se que a causa da dispersão e ruína do povo Tupi está na força do homem branco.
(  ) Na terceira estrofe, o índio refere-se às experiências guerreiras de outras tribos, guerras e batalhas das quais ele não toma parte.
( ) A tribo dos Aimorés  está sendo associada, pelo eu-lírico, às ideias de coragem, bravura e dignidade, na quarta estrofe.
(  ) Nas estrofes quatro e cinco, constata-se com amargor o fato de que homens fortes e confiantes, bravos guerreiros, são dominados pela covardia e traição de outros homens.
(  ) Da terceira à última estrofes, o índio cativo procura mostrar seu passado de lutas, coragem, sofrimento, traição, mortes, o que deve engrandecê-lo aos olhos da tribo inimiga.

02. “Sou filho das selvas /Nas selvas cresci.”
a) Que características físicas e de personalidade decorrem, para o índio, dos versos em destaque?


b) Transcreva do poema outros versos que comprovem/reforçam essas ideias.


c) Considerando suas respostas nos itens a e b, aponte a característica Romântica que mais se destaca no poema de Gonçalves Dias, dentro da temática indianista.



03. Comente o significado dos seguintes versos:
“E os meigos cantores
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.”

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CANTO VIII


“Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.

“Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!

“Não encontres doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.

“Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde fujas como asco e terror!

“Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E o oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.

“Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.”


01. O índio cativo do texto anterior, condenado à morte, chora diante do inimigo ao pensar no abandono em que ficaria seu velho pai, necessitado de amparo, implorando então que o libertem. Mais tarde, seu pai toma conhecimento do fato.
a) Como reage o velho índio diante do filho?




b) Comprove sua reação, apontando exemplos daquilo que ele passa a desejar para o filho, a partir da revelação dos acontecimentos anteriores.



c) O que o poeta pretende enfatizar quanto ao retrato que ele constrói do índio brasileiro, com uma reação paterna tão impiedosa?




2. Gonçalves Dias, enquanto historiador e etnógrafo, fez estudos acurados sobre o indígena brasileiro a fim de produzir sua obra indianista. Encontre no texto referências à cultura do índio (tradições, crenças, etc.) registradas pelo poeta.