Sugestão de hoje!!!

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Livro que trata do menor abandonado e de sua luta pela sobrevivência.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A ARTE BARROCA



CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
        
  O estilo conhecido como Barroco situa-se no período que vai do final do século XVI até meados do século XVIII, tendo, porém, o seu ponto culminante, de maior esplendor, ao longo do século XVII.
        
  Dois elementos históricos estão diretamente ligados ao florescimento desse estilo:

Ø  A CONTRA-REFORMA CATÓLICA, um amplo conjunto de medidas tomadas pela Igreja para fazer frente ao movimento da Reforma Protestante, liderada por Lutero e Calvino, entre outros, e que representou uma profunda ameaça à supremacia católica na Europa e fora dela. Entre aquelas medidas destacam-se a fundação da Companhia de Jesus (ou dos jesuítas), com o propósito de difundir mais amplamente a fé cristã e garantir a autoridade papal, e a restauração da Inquisição ou Santo Ofício, com o objetivo de coibir o avanço do protestantismo através da censura, da perseguição e da tortura.

Ø  A progressiva implantação do Estado nacional e a solidificação do ABSOLUTISMO MONÁRQUICO na Europa, levando à centralização e a um profundo fortalecimento do poder real. O monarca será visto e defendido, então, como o legítimo representante de Deus na Terra, e sua autoridade, como sagrada e absoluta.
         
No Brasil, o Barroco teve um florescimento mais tardio, sobretudo no século XVIII, coincidindo com a fase do Ciclo do Ouro, na região das Minas Gerais.


CARACTERÍSTICAS DA ARTE BARROCA
          
No plano estético, o Barroco também foi consequência da gradual saturação da arte Renascentista, cultivada no século XVI. Os artistas, insatisfeitos com a intensa e rígida imitação da arte clássica, desenvolveram gradualmente novas formas de expressar a sua criatividade. Rejeitaram, assim, o equilíbrio, a harmonia, a simplicidade, a proporcionalidade clássicas, em favor do desequilíbrio, da irregularidade, da complexidade, da sinuosidade (Qualidade ou estado do que é sinuoso; tortuosidade, curva), da extravagância.
     
Em geral, costuma-se associar a arte barroca à ideia de religiosidade, o que é fato. Pode-se afirmar que o Barroco foi o gênero de arte “encomendado” pela Igreja para despertar novamente nos fiéis o sentido da fé cristã e o da legitimidade do catolicismo enquanto expressão da Verdade Religiosa. A vida dos santos e dos mártires da Igreja Católica serão, por isso, alvo constante do interesse dos artistas. Disso decorrem características marcantes da arte Barroca: além da referida religiosidade, do apelo às questões espirituais e morais, há a consciência da brevidade da vida e a ênfase às ideias de pecado e necessidade do arrependimento para a salvação da alma. A exaltação da fé e da vida espiritual leva, frequentemente, à negação da vida terrena e dos prazeres mundanos, a um recorrente pessimismo diante do mundo. O Barroco recorre, assim, à grandiosidade e ao esplendor das imagens celestiais, à dramaticidade e ao heroísmo do caráter espiritual, para incutir no homem o anseio divino.
    
Dentro do universo temático de preferência barroca visto acima, é interessante ressaltar o tema da brevidade da vida (também conhecido como efemeridade, transitoriedade ou fugacidade): o artista e o poeta, conscientes de que tudo passa e se acaba rapidamente, fazem dois tipos de reflexão e sugestão: o primeiro de caráter religioso, já apontado antes, exalta uma vida virtuosa, isenta de pecados, ou marcada pelo arrependimento e voltada para Deus; curiosamente, o segundo, de caráter lírico-filosófico, reconhece que não só a vida, mas também a juventude e a beleza são passageiros, fugazes, e defende, portanto, o que ficou conhecido como “carpe diem”, ou seja, o aproveitar dessa mesma vida, juventude e beleza enquanto é tempo, intensamente.
        
  Ideias e atitudes, em princípio, contraditórias, não? Porém, isso ocorre porque o Barroco é também a arte dos opostos, da contradição, do conflito, da tensão. O homem renascentista habituara-se a uma visão de mundo e a uma postura ANTROPOCÊNTRICAS (onde o homem é o centro do universo), em que a vida humana e terrena eram valorizadas e vivenciadas com prazer, sem culpa. A Igreja, por meio da Contra-Reforma (entende-se sobretudo por meio da Inquisição), busca impor novamente uma mentalidade medieval, de negação do terreno, do carnal, do humano, ou seja, uma visão TEOCÊNTRICA (onde Deus é o centro do universo). Chocam-se as duas mentalidades e, na tentativa de solução, o homem barroco busca aproximá-las, conciliá-las, fundi-las, donde resulta a permanente tensão. Dessa atitude se originam outras marcas barrocas fundamentais: o dualismo e o fusionismo. A primeira – dualismo – refere-se ao gosto da contradição, dos contrastes, à aproximação constante entre elementos opostos: o Céu e a Terra, o Bem e o Mal, o Sagrado e o Profano, a Alma e o Corpo, o Espiritual e o Sensual, o Belo e o Feio, o Claro e o Escuro, entre outros. Muitas vezes, tais elementos aparecem unidos ou fundidos em um só ser ou ideia: é o chamado fusionismo.
         
O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO, desse período, incutindo nos seus soberanos a ânsia de exaltação de si mesmos e de seus reinados, também acabou conduzindo o Barroco para muitas de suas características mais difundidas hoje: é a arte pintando ou esculpindo a monarquia através do requinte, da exuberância, da imponência, da opulência, do gosto pela grandiosidade das formas, imagens e construções, do exagero, chegando, muitas vezes, aos limites do mau gosto. Nesse sentido, o Barroco tornou-se, sobretudo, a arte do rebuscamento, do detalhismo, da complexidade, uma arte ornamental e sensorialista, que apela, antes e acima de tudo, para os nossos sentidos físicos, impressionando-os e emudecendo-nos pelo impacto visual.
         
No sentido literário, reconhecem-se duas tendências estilísticas dentro do Barroco: o cultismo, ou o gosto exagerado pelo aspecto formal do texto e sua “sinuosidade labiríntica” no tocante ao jogo de palavras, e o conceptismo, que privilegia não o formal, mas o conteúdo, o pensamento, o jogo de ideias.
         
Na literatura brasileira, dois nomes imortalizaram-se dentro da arte barroca: o do grande poeta Gregório de Matos Guerra e o do padre Antônio Vieira, cujos inúmeros sermões representam o mais legítimo conceptismo barroco.

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