BANCO DE QUESTÕES CESPE – LÍNGUA PORTUGUESA
(Cespe/2014)
Texto referente às questões de 01 a 05.
Ninguém sabia, nem pretendia saber,
por que ou como Lanebbia e seus associados se interessavam por um bando de
maníacos como nós, gente estranha, supostamente inteligente, que passava horas
lendo ou discutindo inutilidades. Gente, dizia-se, que brilharia no corpo
docente de qualquer universidade; especialistas que qualquer editora contrataria
por somas astronômicas (certos astros não são muitos grandes). Era um enigma
também para nós; mas, lamentações à parte, sabíamos de nossa incompetência,
também astronômica (alguns astros são bastante grandes), para lidar com
contratos, chefes, prazos e, sobretudo, reivindicações salariais. Tínhamos,
além disso, algumas doenças comuns a todo o grupo, ou quase todo: a bibliomania
mais crônica que se possa imaginar, uma paixão neurótico-deliquencial por
textos antigos, que nos levava frequentemente a visitas subservientes a
párocos, conventos, igrejas e colégios. Procurávamos criar relacionamentos que
facilitassem o acesso a qualquer velharia escrita. Que poderia estar esperando
por nós, por que não?, desde séculos, ou décadas. Conhecíamos armários, sótãos,
porões e cofres de sacristias, bibliotecas, batistérios ou cenáculos, bem
melhor do que seus proprietários ou curadores. Tínhamos achado preciosidades
que muitos colecionadores cobiçariam. Descobrir esses esconderijos era uma
espécie de hobby nosso nos fins de semana, quando saíamos atrás de boa comida,
bons vinhos e velhos escritos.
Isaias Pessotti. Aqueles cães malditos de Arquelau.
Rio de Janeiro : Ed.34, 1993, p. 11 (com adaptações)
01.
Seria mantida a correção gramatical do texto caso a expressão “melhor do que”
(linha 11) fosse substituída por “melhor que”.
02.
De acordo com a narrativa, os “proprietários” e “curadores” (linha 11)
desconheciam a existência de livros que haviam sido escondidos em locais
antigos.
03.
Justifica-se com base na mesma regra de acentuação gráfica o emprego do acento
gráfico nos vocábulos “sabíamos” e “procurávamos”.
04.
O emprego de formas verbais no pretérito imperfeito, como, por exemplo,
“procurávamos” (linha 8) e “conhecíamos” (linha 10), está associada à ideia de
habitualidade, continuidade ou duração.
05.
Nos trechos “que qualquer editora contrataria por somas astronômicas” (linhas
3-4), o vocábulo “que” introduz orações adjetivas restritivas, nas quais exerce
função de complemento nominal.
(Cespe/2014)
Texto referente às questões 06 a 11.
Esta é uma pergunta que supõe polos
opostos. Qual valor supremo a ser realizado pelo ensino?
A prioridade concedida à informação
percorre caminhos diferentes do projeto de formar o cidadão consciente, o
espírito crítico, o ser humano solidário?
Até certo ponto sim. Entupir a
cabeça do aluno (penso no jovem que se prepara para um vestibular) com dados,
nomes, números e esquemas, o que significa em termos de formar uma pessoa
justa, verdadeira, compassiva, democrática?
A aspiração de Montaigne continua
viva, mais do que nunca: a criança não deve ser um vaso que se encha, mas uma
vela que se acenda.
Para não descambar no puro
ceticismo, lembro que o exercício constante das ciências físico-matemáticas,
das ciências biológicas e da pesquisa histórica pode contribuir para a formação
de hábitos de atenção e rigor que, provavelmente, irão propiciar o respeito à
verdade, o que é sempre um progresso moral. Digo “provavelmente” porque os
numerosos exemplos de transgressão da ética científica, movidos por interesses
e paixões, não permitem expressões de otimismo exagerado.
Permanece inquietante a questão de
formar a criança e o jovem para valores que ainda constituem o ideal do nosso
tão sofrido bípede implume. O malogro da educação liberal-capitalista nos
aflige como, em outro contexto, nos teria afligido um projeto de educação
totalitária. Esta impõe, mediante a violência do Estado, a passividade inerme
do cidadão, ao qual só resta obedecer aos ditames do partido dominante.
Conhecemos o que foi a barbárie nazifascista, a barbárie stalinista, a barbárie
maoísta. De outra natureza é a barbárie que vivemos no aqui-e-agora do consumismo
irresponsável, dos lobbies farmacêuticos, do desrespeito ao ambiente, das
violações dos direitos humanos fundamentais, da imprensa facciosa e venal, dos
partidos de aluguel, da intolerância ideológica dos grupelhos, da arrogância
dos formadores de opinião espalhados pela mídia e pelas universidades.
Um plano oficial de educação pouco
poderia fazer para alterar esse iminente risco de desintegração que afeta a
sociedade civil, atingindo classes e estamentos diversos; mas que ao menos se
faça esse pouco!
Alfredo Bosi. A valorização dos docentes é a única
forma de construir uma escola eficiente.
Chega de proletários do giz. In.: Carta Capital. Ano
XIX, nº 781, p.29 (com adaptações)
06.
O emprego das vírgulas isolando “em outro contexto” (linha 15) justifica-se por
estar esse adjunto adverbial intercalado na oração a que pertence.
07.
Infere-se do texto que a educação liberal-capitalista se baseia em um plano que
prioriza a informação.
08.
A preposição “para”, tanto em “para valores que ainda constituem o ideal do
nosso tão sofrido bípede implume” (linha 14) quanto em “para alterar esse
iminente risco de desintegração que afeta a sociedade civil” (linha 22),
introduz orações que exprimem finalidade.
09.
Na linha 17, sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do
texto, a preposição “a”, em “ao qual”, poderia ser suprimida.
10.
Sem prejuízo para o sentido original do texto, o termo “iminente” poderia ser
substituído por elevado.
11.
No trecho “nos teria afligido um projeto de educação totalitária”, o pronome
“nos” poderia ser corretamente empregado imediatamente após a forma verbal
“teria”, escrevendo-se “teria-nos”.
(Cespe/2014) Texto
referente às questões 12 a 20.
Atualmente, há duas Américas
Latinas. A primeira conta com um bloco de países – incluindo Brasil, Argentina
e Venezuela – com acesso ao Oceano Atlântico, que confere ao Estado grande
papel na economia. A segunda – composta por países de frente para o Pacífico,
como México, Peru, Chile e Colômbia – adota o livre comércio e o mercado livre.
Os dois grupos de países
compartilham de uma geografia de culturas e de histórias semelhantes,
entretanto, por quase dez anos, a economia dos países do Atlântico cresceu mais
rapidamente, em grande parte graças ao aumento dos preços das commodities no
mercado global. Atualmente, parece que os anos vindouros são mais promissores
para os países do Pacífico. Assim, a região enfrenta, de certa forma, um dilema
sobre qual modelo adotar: o do Atlântico ou o do Pacífico?
Há razões para pensar que os países
com acesso ao Pacífico estão em vantagem, como, por exemplo, o fato de que, em
2014, o bloco comercial Aliança do Pacífico (formado por México, Colômbia, Peru
e Chile) provavelmente crescerá s uma média de 4,25%, ao passo que o grupo do Atlântico,
formado por Venezuela, Brasil e Argentina – unidos pelo MERCOSUL –, crescerá
2,5%. O Brasil, a maior economia da região, tende a crescer 1,9%.
Segundo economistas, os países da
América Latina que adotam o livre comércio estão mais preparados para crescer e
registram maiores ganhos de produtividade. Os países do Pacífico, mesmo aqueles
como o Chile, que ainda dependem de commodities como o cobre, também têm feito
mais para fortalecer a exportação. No México, a exportação de bens
manufaturados representa quase 25% da produção econômica anual (no Brasil,
representa 4%). As economias do Pacífico também são mais estáveis. Países como
México e Chile têm baixa estação e consideráveis reservas estrangeiras.
Venezuela e Argentina, por sua vez,
começam a se parecer com casos econômicos sem solução. Na Venezuela, a inflação
passa de 50% ao ano – igual à da Síria, país devastado pela guerra.
David Juhnow. Duas Américas Latinas bem diferentes.
The Wall Street Journal.
12.
A ideia defendida no texto, que se classifica como dissertativo, é construída
por meio de contrastes.
13.
Infere-se do texto que o Brasil apresentará o menor índice de crescimento
econômico entre os países latino-americanos em 2014, a despeito de ser a maior
economia da região.
14.
Infere-se do texto que países não banhados pelo Atlântico ou pelo Pacífico,
como Paraguai e Equador, não serão inseridos em nenhuma das duas Américas
Latinas citadas pelo autor.
15.
O texto diferencia aspectos econômicos de países da América Latina que
convergem e outros aspectos, como os geográficos, culturais e históricos.
16.
Em “começam a se parecer” (linha 18), o pronome “se” poderia ser deslocado para
imediatamente após a forma verbal “parecer”, escrevendo-se “começam a
parecer-se”.
17.
A forma verbal “há” (linha 1) poderia ser corretamente substituída por existem.
18.
No trecho “o do Atlântico ou o do Pacífico” (linha 7-8), subentende-se a
palavra “modelo”.
19.
Sem prejuízo da correção gramatical do texto, a vírgula empregada logo após o
travessão, na linha 12, poderia ser suprimida.
20.
Sem prejuízo da correção gramatical ou do sentido original do texto, a forma
verbal “representa” (linha 16) poderia ser flexionada no plural – representam
–, caso em que concordaria com “bens manufaturados” (linha 16).
(Cespe/2014)
Texto referente às questões 21 a 23.
O objetivo da livre concorrência é
preservar o processo de competição, e não os competidores. O processo de
competição, no modelo concorrencial, é o que possibilita a repartição ótima dos
bens dentro da sociedade, contribuindo para a justiça social. Isso não significa que a concorrência não
deve ser sopesada com outros interesses, como, por exemplo, a defesa do meio
ambiente, a manutenção de empregos e o desenvolvimento sustentável. Embora por
vezes excludentes entre si, todos esses interesses devem ser ponderados a fim
de que se atinja o bem-estar social.
Carlos Emmanuel Joppet Ragazzo. Notas introdutórias
sobre o princípio da livre concorrência (com adaptações).
21.
No texto, conceitua-se livre concorrência, processo que predomina sobre
interesses como o desenvolvimento sustentável e a justiça no mercado de
trabalho.
22.
Infere-se do texto que a competição por bens entre os indivíduos de uma
sociedade leva à justiça social.
23.
O vocábulo “sopesada” (linha 3) equivale, no texto, a contrabalançada,
compensada.
(Cespe/2013)
Texto referente às questões 24 a 29.
As operadoras de planos de saúde
deverão criar ouvidorias vinculadas às suas estruturas organizacionais.
A determinação é da Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) em norma que será publicada no Diário Oficial da
União.
A medida está disposta na Resolução
Normativa n.º323 e objetiva reduzir conflitos entre operadoras e consumidores,
ampliando a qualidade do atendimento oferecido pelas empresas.
A expectativa é de que funcionamento
regular dessas estruturas possa gerar subsídios para a melhoria de processos de
trabalho nas operadoras, em especial no que diz respeito ao relacionamento com
o público e à racionalização do fluxo de demandas encaminhadas à ANS.
As ouvidorias deverão ter estrutura
composta por titular e substituto e também deverão ter canais de contato
específicos, protocolos de atendimento e equipes capazes de responder às
demandas no prazo máximo de sete dias úteis.
Entre suas atribuições, está a
apresentação de relatórios estatísticos e de recomendações ao representante
legal da operadora e à Ouvidoria da ANS.
24.
Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “ao
relacionamento” (linha 7) por “à relação”.
25.
Depreende-se das informações do texto que as ouvidorias das operadoras de
planos de saúde deverão prestar à Ouvidoria da ANS esclarecimentos e
informações acerca das reclamações e sugestões recebidas.
26.
Na linha 1, o emprego do sinal indicativo de crase em “às suas” justifica-se
porque o termo “vinculadas” exige complemento regido pela preposição a e o
pronome possessivo “suas” vem antecedido por artigo definido feminino plural.
27.
Os termos “determinação” (linha 2) e “medida” (linha 4) fazem referência a
documentos diferentes no texto.
28.
A expressão “dessas estruturas” (linha 6) refere-se ao antecedente “empresas”
(linha 5).
29.
Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir “em especial”
(linha 7) por especialmente.
(Cespe/2013)
Texto referente às questões 30 a 34.
Há evidências de que a oferta de
medicação domiciliar pelas operadoras de planos de saúde traz efeito positivo
aos beneficiários: todas as normas da ANS primam pela pesquisa baseada em
evidências científicas nacionais e internacionais e buscam a qualidade da saúde
oferecida aos beneficiários dos planos de saúde, bem como o equilíbrio do
setor. O grupo técnico – composto por representantes de operadoras,
beneficiários, órgãos de defesa do consumidor, entre outros – estudou o tema e
levou em consideração inúmeras publicações disponíveis que dão suporte à
proposta feita pela ANS. Além disso, experiências práticas bem-sucedidas de
operadoras de planos de saúde tanto no Brasil como fora do país também foram
consideradas.
Internet: <www.ans.gov.br> (
com adaptações)
30.
Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “efeito
positivo” (linha 1) por efeitos positivos.
31.
Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir os travessões (linhas
4-5) por vírgulas ou parênteses.
32.
O emprego de vírgulas logo depois de “operadoras” (linha 4) e de “beneficiários
(linha 4) justificam-se porque elas isolam aposto explicativo.
33.
Predomina no texto a estrutura narrativa.
34.
A forma verbal “traz (linha 1) está no singular porque concorda com o núcleo de
seu sujeito: “a oferta” (linha 1).
(Cespe/2013)
Texto referente às questões 35 a 38.
Durante o período de janeiro a
março de 2013, foram recebidas 13.348 reclamações de beneficiários de planos de
saúde referentes à garantia de atendimento. Entre as operadoras médico-hospitalares,
480 tiveram pelo menos uma reclamação e, entre as operadoras odontológicas, 29
tiveram pelo menos uma reclamação de não cumprimento dos prazos máximos
estabelecidos ou de negativa de cobertura.
A fiscalização do cumprimento das
garantias de atendimento é uma forma eficaz de se certificar o beneficiário da
assistência por ele contratada, pois leva as operadoras a ampliarem o
credenciamento de prestadores e a melhorarem o seu relacionamento com o
cliente. Para isso, a participação dos consumidores é de fundamental
importância.
Internet: <www.ans.gov.br>
(com adaptações)
35.
A vírgula logo após “2013” (linha 1) foi empregada para isolar adjunto
adverbial anteposto.
36.
Mantêm-se a correção gramatical do período e suas informações originais ao se
substituir o termo “pois” (linha 6) por qualquer um dos seguintes: já que, uma
vez que, porquanto.
37.
Depreende-se das informações do texto que a forma de “participação dos
consumidores” (linha7) sugerida no texto é a reclamação.
38.
Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir “é” (linha 5) por
são, desde que também se substitua “leva” (linha 6) por levam.
Texto
referente às questões 39 a 42.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou
o último relatório de monitoramento das operadoras, que, pela primeira vez,
inclui novos critérios para suspensão temporária da comercialização de planos
de saúde. Além do descumprimento dos prazos de atendimento para consultas,
exames e cirurgias, previstos na RN 259, passaram a ser considerados todos os
itens relacionados à negativa de cobertura, como rol de procedimentos, o
período de carência, a rede de atendimento, o reembolso e o mecanismo de
autorização para os procedimentos.
Internet: <www.ans.gov.br>
(com adaptações)
39.
Depreende-se das informações do texto que, antes do último relatório, a ANS, no
monitoramento das operadoras, já adotava como um dos critérios para a suspensão
provisória de comercialização de planos de saúde o descumprimento dos prazos de
atendimento para consultas, exames e cirurgias.
40.
Na linha 4, o sinal indicativo de crase em “à negativa” é empregado porque a
regência de “relacionados” exige complemento regido pela preposição a e o termo
“negativa” vem antecedido de artigo definido feminino.
41.
As vírgulas empregadas logo após “procedimentos” (linha 5) e “carência” (linha
5) isolam elementos de mesma função sintática componentes de uma enumeração de
termos.
42.
Os acentos gráficos empregados em “Agência” e em “Saúde” têm a mesma
justificativa.
(Cespe/2013)
Texto referente às questões 43 a 47.
A avaliação das operadoras de
planos de saúde em relação às garantias de atendimento, previstas na RN 259, é
realizada de acordo com dois critérios: comparativo, cotejando-as entre si,
dentro do mesmo segmento e porte; e avaliatório, considerando evolutivamente
seus próprios resultados. Os planos de saúde recebem notas de zero a quatro:
zero significa que o serviço atendeu às normas, e quatro é a pior avaliação
possível do serviço. Os planos com pior avaliação – durante dois períodos
consecutivos – estão sujeitos à suspensão temporária da comercialização. Quando
isso ocorre, os clientes que já haviam contratado o serviço continuam o direito
de usá-lo, mas a operadora não pode aceitar novos beneficiários nesses planos.
Internet: <www.ans.gov.br>
(com adaptações)
43.
A substituição dos travessões da linha 5 por vírgulas ou por parênteses
preservaria a correção gramatical do período.
44.
Em “usá-lo” (linha 6), o pronome “lo” é elemento coesivo que se refere ao
antecedente “serviço”(linha 6).
45.
O segmento “que já haviam contratado o serviço” (linha 6) tem natureza
restritiva.
46.
Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “é realizada”
(linha 2) por realiza-se.
47.
O sinal de dois-pontos logo depois de “critérios” (linha 2) está empregado para
anunciar uma enumeração explicativa.
(Cespe/
2014) Texto referente às questões 48 a 53.
A ANS vai mudar a metodologia de
análise de processos de consumidores contra as operadoras de planos de saúde
com o objetivo de acelerar os trâmites das ações.
Uma das novas medidas adotadas
será a apreciação coletiva de processos abertos a partir de queixas dos
usuários. Os processos serão julgados de forma conjunta, reunindo várias
queixas, organizadas e agrupadas por temas e por operadora.
Segundo a ANS, atualmente, 8.791
processos de reclamações de consumidores sobre o atendimento dos planos de
saúde estão em tramitação na agência. Entre os principais motivos que levaram
às queixas estão a negativa de cobertura, os reajustes de mensalidades e a
mudança de operadora.
No Brasil, cerca de 48,6 milhões
de pessoas têm planos de saúde com cobertura de assistência médica e 18,4
milhões têm planos exclusivamente odontológicos.
Valor Econômico, 22/3/2013
48.
Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “acelerar”
(linha 2) por acelerarem.
49.
O vocábulos “organizadas” e “agrupadas”, ambos na linha 4, estão no feminino
plural porque concordam com “queixas” (linha 4).
50.
Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir “cerca de” (linha
9) por acerca de.
51.
Trata-se de texto de natureza subjetiva, em que a opinião do autor está
evidente por meio de adjetivos e considerações de caráter pessoal.
52.
De acordo com o texto, no momento em que foram publicadas, as novas medidas já
estavam sendo aplicadas nos processos de consumidores contra as operadoras de
planos de saúde.
53.
Segundo as informações do texto, os processos dos consumidores contra as
operadoras de planos de saúde serão julgados individualmente.
(Cespe/2013)
Texto referente às questões 54 a 57.
Acho que, se eu não fosse tão
covarde, o mundo seria um lugar melhor. Não que a melhora do mundo dependa de
uma só pessoa, mas, se o medo não fosse constante, as pessoas de uniriam mais e
incendiariam de entusiasmo a humanidade.
Mas o que vejo no espelho é um
homem abatido diante das atrocidades que afetam os menos favorecidos.
Se tivesse coragem, não aceitaria crianças
passarem fome, frio e abandono. Elas nos assustam com armas nos semáforos,
pedem esmolas, são amontoadas em escolas que não ensinam, e, por mais que
chorem, somos imunes a essas lágrimas.
Sou um covarde diante da violência
contra a mulher, do homem contra o homem. E porque os índios estão tão longe da
minha aldeia e suas flechas não atingem meus olhos nem meu coração, não me
importa que tirem suas terras, sua alma.
Analfabeto de solidariedade, não
sei ler sinais de fumaça. Se tivesse um nome indígena, seria “cachorro
medroso”. Se fosse o tal ser humano forte que alardeio, não aceitaria famílias
sem ter onde morar.
Sérgio Vaz. Antes que seja tarde.
In.: Caros Amigos, mai./2013, p.8 (com adaptações)
54.
A supressão das vírgulas que isolam a oração “se o medo não fosse constante”
(linha 2) não afetaria a correção gramatical do texto.
55.
A coerência e a coesão do texto não seriam prejudicadas se o trecho “se o medo
não fosse constante, as pessoas (...) a humanidade.” (linha 2) fosse reescrito
da seguinte forma: se o medo não for constante, as pessoas se unirão mais e
incendiarão de entusiasmo a humanidade.
56.
O verbo alardear, em “Se fosse o tal ser humano forte que alardeio” (linha 12),
está no sentido de vangloriar-se, gabar-se.
57.
Infere-se do texto que as mazelas que assolam o mundo se devem às desigualdades
sociais.
(Cespe/2014)
Texto referente às questões 58 a 63.
Embora não tivessem ficado claras
as fontes geradoras de quebras da paz urbana, o fenômeno social marcado pelos
movimentos populares que tomaram as ruas das grandes cidades brasileiras, em
2013, parecia tendente a se agravar. As vítimas das agressões pessoais viram
desprotegidas a paz e a segurança, direitos sagrados da cidadania. Todos foram
prejudicados. Pode-se constatar que em outras partes do mundo, fenômenos
sociais semelhantes também ocorreram. Lá como cá, diferentes tipos de ação
atingiram todo o grupo social, gerando vítimas e danos materiais. Nem sempre a
intervenção das forças do Estado foi suficiente para evitar prejuízos. Do ponto
de vista global, notou-se que a quebra da ordem foi provocada em situações
diversas e ora tornou mais graves as distorções do direito, ora espalhou a
insegurança coletivamente. Em qualquer das hipóteses, a população dos vários
locais atingidos viu-se envolvida em perdas crescentes.
Internet:
<www1.folha.uol.com.br>(com adaptações)
58.
Depreende-se das ideias do primeiro parágrafo do texto que a identificação da
origem do fenômeno social representado pelos movimentos sociais ocorridos em
2013 seria suficiente para evitar que eles se agravassem.
59.
Na linha 6, a partícula “se” é empregada para determinar o sujeito.
60.
Por meio do termo “hipóteses” (linha 8), são retomadas as ideias dos trechos
“tornou mais graves as distorções do direito” (linha 7) e “espalhou a
insegurança coletivamente” (linha 7-8).
61.
A correção gramatical, bem como as informações originais do texto, seriam
mantidas caso o período “As vítimas das agressões pessoais viram desprotegidas
a paz e a segurança, direitos sagrados da cidadania” (linha 3) fosse reescrito
da seguinte forma: As pessoas agredidas viram-se desprotegidas em sua paz e
segurança – prerrogativas legais consagradas da cidadania.
62.
Sem prejuízo para o sentido e a correção gramatical do texto, o trecho “Pôde-se
constatar (...) ocorreram.” (linha 4) poderia ser assim reescrito: Supôs-se que
também ocorreu, em outros países do mundo, movimentos sociais analógicos.
63.
Os termos “Lá” (linha 4) e “cá” (linha 5) são utilizados como recursos para
expressar circunstância de lugar, o primeiro referindo-se a “outra partes do
mundo” (linha 4) e o segundo, ao Brasil.
(Cespe/2013)
Texto referente às questões 64 a 71.
Quando o homem moderno,
particularmente o habitante da cidade, deixa a luz natural do dia ou a luz
artificial da noite e entra no cinema, opera-se em sua consciência uma mudança
psicológica crucial. Do ponto de vista subjetivo, na maioria dos casos, ele vai
ao cinema em busca de distração, entretenimento, talvez até instrução, por um
bom par de horas. Pouco lhe importam as condições técnicas e socioeconômicas
das indústrias que, em primeira instância, lhe possibilitam assistir aos
filmes; na verdade, esse tipo de preocupação nem lhe passa pela cabeça. Um dos
principais aspectos desse ato corriqueiro, que se chama situação cinema, é o
isolamento mais completo possível do mundo exterior e de suas fontes de
perturbação visual e auditiva. O cinema ideal seria aquele onde não houvesse
absolutamente nenhum ponto de luz (tais como 16 letreiros luminosos de
emergência e saída etc.) fora da própria tela e onde, fora a trilha sonora do
filme, não pudessem penetrar nem mesmo os mínimos ruídos. A eliminação radical
de todo e qualquer distúrbio visual e auditivo não relacionado com o filme
justifica-se pelo fato de que apenas na completa escuridão podem-se obter os melhores
resultados na exibição do filme. A perfeita fruição do ato de ir ao cinema é
prejudicada por qualquer distúrbio visual ou auditivo, que lembra ao
espectador, contra a sua vontade, que ele estava a ponto de suscitar uma
experiência especial mediante a exclusão da realidade trivial da vida corrente.
Esses distúrbios o remetem à existência de um mundo exterior, totalmente
incompatível com a realidade psicológica de sua experiência cinematográfica.
Daí é inevitável a conclusão de que a fuga voluntária da realidade cotidiana é
uma característica essencial 31 da situação cinema.
Hugo Mauerhofer. A psicologia da
experiência cinematográfica. In.: Ismail Xavier. A experiência do cinema. RJ:
Graal, 1983. (com adaptações)
64.
O indivíduo que vai ao cinema o faz em busca de isolamento, distração,
entretenimento e (ou) instrução.
65.
Conforme o texto, o cinema ideal
não pode existir no mundo real, já que a colocação de letreiros luminosos de
emergência e saída é obrigatória, nesses ambientes, por questões de segurança.
66. A
exclusão da realidade trivial da vida corrente faz parte da experiência vivida
pelo espectador de cinema.
67. O
homem moderno que não vive em ambiente urbano e o que vive nesse ambiente são
afetados psicologicamente pelo cinema de maneiras distintas.
68.
Seriam mantidos o sentido original do texto e sua correção gramatical caso o
período “O cinema ideal seria aquele onde não houvesse absolutamente nenhum
ponto de luz” (linha 7) fosse reescrito do seguinte modo: O cinema ideal seria aquele
onde não houvessem pontos de luz.
69. A
forma verbal “importam” (linha 4) foi empregada no plural por concordar com “o
homem moderno” (linha 1), expressão de sentido coletivo a que se refere o
sujeito da oração em que essa forma verbal ocorre.
70.
Mantendo-se a correção gramatical do texto, no último período do primeiro
parágrafo, o pronome “lhe” poderia ser deslocado para logo depois das formas
verbais “importam” (R.7), “possibilitam” (R.8) e “passa” (R.10), escrevendo-se
importam-lhe,
possibilitam-lhe e passa-lhe, respectivamente.
71. A
substituição do vocábulo “onde” (R.14) por em que manteria a correção
gramatical e o sentido original do texto.
Texto
referente às questões 72 a 78.
Caso alguém pergunte, em um futuro
distante, qual terá sido o meio de expressão de maior impacto da era moderna, a
resposta será quase unânime: o cinematógrafo. Inventado em 1895 pelos irmãos
Lumière para fins científicos, o cinema revelou-se peça fundamental do
imaginário coletivo do século XX, seja como fonte de entretenimento, seja como
fonte de divulgação cultural de todos os povos do globo.
O cinematógrafo aportou no Brasil
com Affonso Segretto, imigrante italiano que filmou cenas do porto do Rio de
Janeiro e tornou-se nosso primeiro cineasta, em 1898. Um imenso mercado de
entretenimento foi montado em torno da capital federal no início do século XX,
quando centenas de pequenos filmes foram produzidos e exibidos para plateias urbanas
que, em franco crescimento, demandavam lazer e diversão.
Nos anos 30, iniciou-se a era do
cinema falado. Já então, o pioneiro cinema nacional concorria com o forte esquema
de distribuição norte-americano, em uma disputa que se estende até os nossos
dias. A criação do estúdio Vera Cruz, no final da década de 40, representou o
desejo de diretores que, influenciados pelo requinte das produções
estrangeiras, procuravam realizar um tipo de cinema mais sofisticado.
A reação ao cinema da Vera Cruz
representou o movimento que divulgou o cinema nacional para o mundo inteiro: o
Cinema Novo. No início da década de 60, um grupo de jovens cineastas começou a
realizar uma série de filmes imbuídos de forte temática social. Entre eles,
Glauber Rocha, cineasta baiano e símbolo do Cinema Novo. Diretor de filmes como
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e O Dragão da Maldade Contra o Santo
Guerreiro (1968), Glauber tornou-se uma figura conhecida no meio cultural
brasileiro, tendo redigido manifestos e artigos na imprensa, rejeitado o cinema
popular das chanchadas e defendido uma arte revolucionária que promovesse
verdadeira transformação social e política.
História do cinema brasileiro. Internet: <http://dc.itamaraty.gov.br>
(com adaptações)
72. O
Cinema Novo surgiu como um movimento de oposição ao tipo de filme produzido
pelo estúdio Vera Cruz, cuja temática era voltada para as elites.
73. A
substituição da forma verbal “terá sido” (linha 1) por foi não prejudicaria a
correção gramatical nem a coerência do texto.
74. Seria
mantida a correção gramatical do texto caso fosse empregada vírgula logo após o
adjetivo “federal” (linha 7).
75. Sem
prejuízo da correção gramatical do texto ou de seu sentido original, o trecho
“um grupo (...) temática social” (linha 14-15) poderia ser reescrito da
seguinte forma: um grupo de jovens cineastas começaram a realizar uma série de
filmes críticos de forte temática social.
76. As
orações nas quais estão presentes as formas verbais “redigido” (linha17),
“rejeitado” (linha 27) e “defendido” (linha 18), que são coordenadas entre si,
relacionam-se, semanticamente, à oração “Glauber tornou-se uma figura conhecida
no meio cultural brasileiro” (linha 17).
77. No
Brasil, o cinematógrafo sempre foi usado na indústria do entretenimento, não
tendo finalidade científica.
78. Conclui-se
do texto que o cinema brasileiro foi pioneiro na era do cinema falado.
Texto
referente às questões 79 a 88.
O respeito às diferentes
manifestações culturais é fundamental, ainda mais em um país como o Brasil, que
apresenta tradições e costumes muito variados em todo o seu território. Essa
diversidade é valorizada e preservada por ações da Secretaria da Identidade e
da Diversidade Cultural (SID), criada em 2003 e ligada ao Ministério da
Cultura.
Cidadãos
de áreas rurais que estejam ligados a atividades culturais e estudantes
universitários de todas as regiões do Brasil, por exemplo, são beneficiados por
um dos projetos da SID: as Redes Culturais. Essas redes abrangem associações e
grupos culturais para divulgar e preservar suas manifestações de cunho
artístico. O projeto é guiado por parcerias entre órgãos representativos do
Estado brasileiro e as entidades culturais.
A Rede
Cultural da Terra realiza oficinas de capacitação, cultura digital e atividades
ligadas às artes plásticas, cênicas e visuais, à literatura, à música e ao
artesanato. Além disso, mapeia a memória cultural dos trabalhadores do campo. A
Rede Cultural dos Estudantes promove eventos e mostras culturais e artísticas e
apoia a criação de Centros Universitários de Cultura e Arte.
Culturas
populares e indígenas são outro foco de atenção das políticas de diversidade,
havendo editais públicos de premiação de atividades realizadas ou em andamento,
o que democratiza o acesso a recursos públicos.
O papel
da cultura na humanização do tratamento psiquiátrico no Brasil é discutido em
seminários da SID. Além disso, iniciativas artísticas inovadoras nesse segmento
são premiadas com recursos do Edital Loucos pela Diversidade. Tais ações
contribuem para a inclusão e socializam o direito à criação e à produção
cultural.
A
participação de toda a sociedade civil na discussão de qualquer política
cultural se dá em reuniões da SID com grupos de trabalho e em seminários,
oficinas e fóruns, nos quais são apresentadas as demandas da população. Com
base nesses encontros é que podem ser planejadas e desenvolvidas ações que
permitam o acesso dos cidadãos à cultura e a produção de suas manifestações,
independentemente de cor, sexo, idade, etnia e orientação sexual.
Identidade e diversidade. Internet:
<www.brasil.gov.br/sobre/cultura> (com adaptações)
79. Mantêm-se
as informações originais e a correção gramatical do texto caso o primeiro
parágrafo seja assim reescrito: Em 2003, ligada ao Ministério da Cultura, com a
finalidade de preservar e de valorizar as diferentes manifestações culturais,
principalmente no Brasil, que têm tradições e costumes diversos, foi criada a
Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID).
80. A
retirada da expressão de realce “é que” (linha) e a colocação de vírgula após o
segmento “Com base nesses encontros” (linhas 18-19) não acarretaria prejuízo
gramatical ao período.
81. Depreende-se
do texto que a finalidade específica da SID é reservar espaços para debates
sobre política cultural com determinados grupos da sociedade: os indígenas e as
comunidades negras, embora essa secretaria também promova outros projetos culturais.
82. O
emprego do sinal indicativo de crase é obrigatório em “às diferentes
manifestações” (linha1) e facultativo em “às artes plásticas” (linha 8), “à
literatura” (linha 9) e “à música” (linha 9).
83. A
expressão “Tais ações” (linha 16) está empregada em referência à discussão
acerca do papel da cultura na humanização do tratamento psiquiátrico e à
premiação a iniciativas artísticas inovadoras nesse segmento.
84. O
termo “nesse”, em “iniciativas artísticas inovadoras nesse segmento” (linha 15),
refere-se à Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural.
85. A
substituição do segmento “de toda a” (linha 17) por “da” não causaria prejuízo
semântico ao texto.
86. A
retirada da vírgula após “Brasil” (linha 5) manteria a correção gramatical e os
sentidos do texto, visto que, nesse caso, o emprego desse sinal de pontuação é
facultativo.
87. A
correção gramatical do texto seria mantida caso as formas verbais “promove” e
“apoia” (linha 10) fossem flexionadas no plural, para concordar com o termo mais
próximo, “dos Estudantes” (linha 10).
88. No
período “Essas redes abrangem associações e grupos culturais para divulgar e
preservar suas manifestações de cunho artístico.” (linhas 5-6), duas orações
expressam finalidades das “Redes Culturais” (linha 5).
Texto
referente às questões 89 a 93.
O título de Papéis Avulsos parece
negar ao livro uma certa unidade; faz crer que o autor coligiu vários escritos
de ordem diversa para o fim de os não perder. A verdade é essa, sem ser bem
essa. Avulsos são eles, mas não vieram para aqui como passageiros, que acertam
de entrar na mesma hospedaria. São
pessoas de uma só família, que a obrigação do pai fez sentar à mesma mesa. Quanto
ao gênero deles, não sei que diga que não seja inútil. O livro está nas mãos do
leitor. Direi somente que se há aqui páginas que parecem meros contos e outras
que o não são, defendo-me das segundas com dizer que os leitores das outras
podem achar nelas algum interesse, e das primeiras defendo-me com São João e
Diderot. O evangelista, descrevendo a famosa besta apocalíptica, acrescentava
(XVII, 9): “E aqui há sentido, que tem sabedoria”, Menos a sabedoria, cubro-me
com aquela palavra. Quanto a Diderot, ninguém ignora que ele não só escrevia
contos, e alguns deliciosos, mas até aconselhava a um amigo que os escrevesse
também. E eis a razão do enciclopedista: é que quando se faz um conto, o
espírito fica alegre, o tempo escoa-se, e o conto da vida acaba, sem a gente
das por isso. Deste modo, venha donde vier o reproche, espero que daí mesmo
virá a absolvida.
Machado de Assis. Obra completa. Vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1994 (com adaptações)
89. No
trecho “Quanto ao gênero deles, não sei que diga que não seja inútil” (linha 4)
a vírgula separa orações coordenadas.
90. Depreende-se
do texto que, embora a obra tenha recebido o título de Papéis Avulsos, os
escritos tratam da história da mesma família.
91. Os
termos “Diderot” (linha 8) e “enciclopedista” (linha 9) compartilham o mesmo
referente.
92. A
palavra “que”, em todas as ocorrências no trecho “Direi somente que se há aqui
páginas que parecem meros contos e outras que o não são” (linha 5), pertence a
uma mesma classe gramatical.
93.
Mantêm-se o sentido e a correção gramatical do texto caso se suprima o acento
grave no trecho “fez sentar à mesma mesa” (linha 4).
Texto
referente às questões 94 a 100.
Nas formas de vida coletiva, podem
assinalar-se dois princípios que se combatem e regulam diversamente as
atividades dos homens. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do
aventureiro e do trabalhador. Já nas sociedades rudimentares manifestam-se
eles, segundo sua predominância, na distinção fundamental entre os povos
caçadores ou coletores e os povos lavradores. Para uns, o objeto final, a mira
de todo esforço, o ponto de chegada, assume relevância tão capital, que chega a
dispensar, por secundários, quase supérfluos, todos os processos
intermediários. Sua ideal será colher o fruto sem plantar a árvore. Esse tipo
humano ignora as fronteiras. No mundo, tudo se apresenta a ele em generosa
amplitude e, onde quer que se erija um obstáculo a seus propósitos ambiciosos,
sabe transformar esse obstáculo em trampolim. Vive dos espaços ilimitados, dos
projetos vastos, dos horizontes distantes. O trabalhador, ao contrário, é
aquele que enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não triunfo a alcançar. O
esforço lento, pouco compensador e persistente, que, no entanto, mede todas as
possibilidades de esperdício e sabe tirar o máximo proveito do insignificante,
tem sentido bem nítido para ele. Seu campo visual é naturalmente restrito. A
parte maior do que o todo. Existe uma ética do trabalho, como existe uma ética
da aventura. Assim, o indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral
positivo às ações que sente ânimo de praticar e, inversamente, terá por imorais
e detestáveis as qualidades próprias do aventureiro – audácia, imprevidência,
irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem – tudo, enfim, quanto se
relacione com a concepção espaçosa do mundo, características desse tipo. Por
outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma recompensa imediata são
enaltecidos pelos aventureiros; as energias que visam à estabilidade, à paz, à
segurança pessoal e aos esforços sem perspectiva de rápido proveito material
passam-lhes, ao contrário, por viciosos e desprezíveis. Nada lhes parece mais
estúpido e mesquinho do que o ideal do trabalhador.
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
94.
O autor do texto apresenta dois tipos básicos de comportamentos humanos
equivalentes: o aventureiro e o trabalhador.
95.
O termo “Já”, em “Já nas sociedades rudimentares manifestam-se, segundo sua
predominância, na distinção fundamental entre os povos caçadores ou coletores e
os povos lavradores” (linhas 2-3), é empregado com sentido temporal, razão por
que o seguimento “Já nas” poderia ser corretamente substituído por Desde as.
96.
As expressões “Para uns” (linha 4) e “Esse tipo humano” (linha 6) remetem,
respectivamente, aos indivíduos aventureiros e aos indivíduos lavradores.
97.
O vocábulo “enaltecidos” (linha 16) poderia ser substituído, sem prejuízo para
o sentido do texto, por arrefecidos.
98.
Nos trechos “Já nas sociedades rudimentares manifestam-se eles” (linhas 2-3) e “No
mundo tudo se apresenta a ele” (linha 6), os pronomes “eles” e “ele” exercem a
função sintática de complemento verbal.
99.
Julgue se a proposta de reescrita do trecho indicado entre aspas está
gramaticalmente correta, ou errada, em caso contrário. “Assim, o indivíduo
(...) do aventureiro” (linhas 12-13): Assim, o indivíduo do tipo trabalhador só
atribuirá valor moral positivo nas ações em que sente ânimo de pratica e
inversamente, considerará imoral e detestável as qualidades próprias do
aventureiro.
100.
Julgue se a proposta de reescrita do trecho indicado entre aspas está
gramaticalmente correta, ou errada, em caso contrário. “No mundo, (...) em
trampolim” (linha 6-8): No mundo tudo se apresenta a ele em generosa amplitude
e, onde quer que se erija obstáculos a seus propósitos ambiciosos, ele sabe
transformá-lo em trampolim.
GABARITO
01.
CERTO
02.
ERRADO
03.
CERTO
04.
CERTO
05.
CERTO
06.
CERTO
07.
CERTO
08.
ERRADO
09.
ERRADO
10.
ERRADO
11.
ERRADO
12.
CERTO
13.
ERRADO
14.
ERRADO
15.
CERTO
16.
CERTO
17.
CERTO
18.
CERTO
19.
ERRADO
20.
ERRADO
21.
ERRADO
22.
ERRADO
23.
CERTO
24.
ERRADO
25.
CERTO
26.
CERTO
27.
ERRADO
28.
ERRADO
29.
CERTO
30.
ERRADO
31.
CERTO
32.
ERRADO
33.
ERRADO
34.
ERRADO
35.
CERTO
36.
CERTO
37.
CERTO
38.
ERRADO
39.
CERTO
40.
CERTO
41.
CERTO
42.
ERRADO
43.
CERTO
44.
CERTO
45.
CERTO
46.
ERRADO
47.
CERTO
48.
CERTO
49.
CERTO
50.
ERRADO
51.
ERRADO
52.
ERRADO
53.
ERRADO
54.
ERRADO
55.
CERTO
56.
ERRADO
57.
ERRADO
58.
ERRADO
59.
ERRADO
60.
CERTO
61.
ERRADO
62.
ERRADO
63.
CERTO
64.
ERRADO. A partir da linha 2 temos: Do ponto de vista
subjetivo, na maioria dos casos (e não em todos como supõe a questão), ele vai
ao cinema em busca de distração, entretenimento, talvez (hipótese) até
instrução (...). O que significa que a conjunção “e” torna a questão errada,
uma vez que as quatro opções (distração, entretenimento, instrução e
isolamento) podem não acontecer simultaneamente.
65.
ERRADO
66.
CERTO
67.
ERRADO
68.
ERRADO
69.
ERRADO
70.
ERRADO
71.
CERTO
72.
ERRADO
73.
CERTO
74.
CERTO
75.
ERRADO
76.
CERTO
77.
ERRADO
78.
ERRADO
79.
ERRADO
80.
CERTO
81.
ERRADO
82.
ERRADO
83.
CERTO
84.
ERRADO
85.
CERTO
86.
ERRADO
87.
ERRADO
88.
CERTO
89.
ERRADO
90.
ERRADO
91.
CERTO
92.
ERRADO
93.
ERRADO
94.
ERRADO
95.
CERTO
96.
ERRADO
97.
ERRADO
98.
ERRADO
99.
ERRADO
100.
CERTO